Sobre RadioLiberdade

A história da Rádio Como tudo começou ... Em dia 14 de julho de 1959, na Fazenda Lagoa no Distrito de Maniçoba, nasceu o menino de nome Luriano, onde logo foi apelidado de Gilmar, a mãe cuidava da casa todos os dias enquanto o pai saia para a roça e o chamava para ir, e ele (o menino) chorando, pois não gostava daquele trabalho, mas mesmo assim ia para não deixar seu pai triste e ajudar a criar seus outros irmãos, que seriam 11, mas morreram 3, ficando 8 - quatro homens e quatro mulheres. Ainda jovem, ele comprara um rádio de bolso onde passou a fazer experiência colocando antenas. Subia em um pé de umbuzeiro, amarrava um fio para assim pegar outras rádios que não fossem local, e assim foi sua vida, mesmo sem conhecimento técnico, às vezes quando o rádio dava um problema ele abria e tentava consertar, algumas vezes não conseguia e assim seguia sua paixão pelo rádio ... No interior de Juazeiro, Bahia,onde seu pai criava bode e plantava de chuva para sustento da família, no fim dos anos 70, havia muita dificuldade, o que ocorreu de o menino Gilmar ter sido mandado para a cidade para que pudesse estudar. Um dia, enquanto passava por uma rua na cidade, viu uma roda de pessoas e entre elas uma com um microfone na mão, ele parou e voltou para ver o que era, chegando perto percebeu que se tratava de um rádio de comunicação ”rádio amador”, curioso, fez muitas perguntas ao dono do rádio, e ficou impressionado com o que viu e ouviu, percebeu ele que podia apenas com um rádio e uma antena se comunicar com outras pessoas distantes, em outras cidades, até em outros países, isso o fez sonhar, criando em si uma esperança de se um dia poderia ter um daqueles, como não podia comprar ele pensou "vou ser amigo do rapaz, ao menos poderei falar um pouquinho no rádio, como o dono do rádio". Como Gilmar morava perto, passou a frequentar a casa do amigo Luis. Mais tarde tornou-se amigo e falou muitas vezes no rádio. Foi então que no ano de 1980, comprou o seu próprio rádio, onde falava com muitas pessoas até no exterior. Ele falava com alguns amigos, algumas pessoas que gostariam de saber de onde ele era, "sou de Juazeiro Bahia", respondia ele, as pessoas pediam-lhe favores, pediam ajuda ou notícias sobre os parentes e familiares que moravam em São Paulo e não se tinham notícias deles, com isso as pessoas pediam que ele os ajudasse, através daquele veículo de comunicação, encontrar os pais e familiares dessas pessoas. Foi assim com a história de seu Manoel, saído de São Paulo há 9 anos, seu filho pediu que Gilmar o ajudasse a encontrá-lo e que segundo ele sabia somente que este senhor morava no bairro Piranga, empenhado, Gilmar se comprometeu encontrar o pai do seu amigo Orlando da cidade de Barretos, em São Paulo. Saiu de rua em rua no bairro Piranga, mas nada do senhor Manoel, passaram-se uns três meses nessa busca incansável, todas as noites Gilmar falava com o amigo Orlando "não o encontrei ainda", mas tinha certeza que um dia ia encontrá-lo, quando sem esperanças de encontrá-lo, Gilmar procurou em um barraco que ficava quase dentro do mato, e para a sua surpresa, ali morava um senhor com o nome de Manoel. Falou com uma senhora que lhe respondeu que seu Manoel não estava, tinha ido trabalhar e só voltaria no final da tarde. Gilmar então decidiu voltar no outro dia, e assim o fez... No outro dia, foi ao encontro do senhor Manoel , e por sorte, o encontrou! relatou a história e o senhor ficou um pouco desconfiado, pois não acreditava que se podia falar com o filho dele em São Paulo, através daquele rádio que era mostrado a ele, foi então que Gilmar marcou um dia de domingo onde levaria seu Manoel a minha até a sua casa, para que assim, ele pudesse falar com seu filho Orlando, que há nove anos, não tinha qualquer informação sobre ele. E assim foi feito,toda a família de seu Manoel foi, na própria caminhonete do Gilmar e falaram por muitos minutos com o filho que estava longe, foi uma grande emoção, todos foram às lágrimas e por muitas vezes eles se comunicaram através do rádio amador. Essa foi apenas uma das muitas histórias que aconteceu com Gilmar e o rádio amador, que através dele nasce a Liberdade FM, que ouvindo de alguns colegas sobre um projeto de lei para ser votado em Brasília para criar as rádios comunitárias, o fez acompanhar através da TV e pelo rádio e também recortes de jornais falando sobre isso, na espera de que a lei fosse aprovada. Quando isso aconteceu, Gilmar se dispôs a criar uma associação, fizeram o estatuto e, a partir disso, o pedido ao Ministério das Comunicações em 1998, a associação foi selecionada para concorrer com tantas outras. Foram seis longos anos de espera, mas nunca desistindo do sonho, alguns o chamavam de louco, aconselhavam-no que desistisse disso, mas ele não desanimava, continuava a sonhar, era difícil mesmo, mas ele lutou até o fim. Agora morando em um povoado, no Perímetro de Irrigação de Maniçoba, a 35 km da cidade de Juazeiro, construiu um torre, comprou o equipamento, até que em 22 de outubro de 2002 a tão sonhada licença foi concedida e o sonho se realizou. Foram soltados fogos de alegrias, tinha valido a pena cada desafio e dificuldade. Hoje apesar das muitas dificuldades para manter a rádio no interior, percebe-se que valeu e vale a pena. A nossa Rádio Liberdade FM, que em outubro já completou 10 anos, levando muita cultura, informação e prestação de serviço para a comunidade, pois no interior não tem telefone e a rádio é o único meio de comunicação dos colonos e agricultores, e do povo em geral dessa região. A história da rádio Liberdade FM e do seu diretor Luriano,nosso querido Gilmar Alves, seu criador, que nesses 10 anos contribui muito com a comunidade e mostra a importância notória dessa rádio para o nosso, agora, Distrito de Maniçoba, uma rádio que faz parte das nossas lutas, que está ao lado dos colonos, dos agricultores e agricultoras, já que aqui é um projeto agrícola da CODEVASF, do Governo Federal, e que trabalha em benefício do desenvolvimento agrícola local. Entre as nossas histórias e atividades, a mais válida para a gente é servir a comunidade, através de campanhas educativas e eventos que favoreçam o desenvolvimento local e cultural.Outro papel importante é ajudar a comunidade quando alguém está com dificuldades, fazemos campanhas para ajudar, mobilizamos a comunidade para serem solidária, e muito mais. Assim como aconteceu com a senhora que morava em um lote e tinha dois jegues brigando, com dó de um dos animais, ela tentou separá-los, mas o pior aconteceu - um dos animais mordeu sua perna, formando um buraco profundo. Foi chocante! Todos se comoveram com esta senhora, a rádio realizou uma campanha onde levou ela a médicos, foi conseguido, através da rádio, móveis, butijão de gás, fogão, coisas que ela não tinha, pois morava em uma pequena propriedade agrícola, além disso foram doados, também, cinco sacos de 50 kg de alimentos e dinheiro para os remédios. São muitos os casos de ajuda e iniciativa solidária da nossa rádio, e não paramos, pois todos que nos procuram são ajudados pela comunidade,através da rádio que leva o seu sinal. São 35 comunidades que fazem parte, hoje, do nosso distrito, da nossa rádio e da nossa história. Somos povo, e estamos a serviço de todos!

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